sábado, 19 de dezembro de 2015

O QUE VEIO PRIMEIRO: O OVO OU A GALINHA



Esta pergunta  que não  quer  calar  tira  o  sono  de muitos  há  muito  tempo,  mas  existe  uma  outra -  nova  e menos filosófica  - que  afeta  mais nossas vidas:  Qual  é  a  reforma mais importante:  a  tributária  ou  a previdenciária?

Os  céticos  responderão  com  certeza,  que  ambas  são  imprescindíveis, mas  é  tão  simples assim?  Basta  reformar  que  os problemas  estarão  resolvidos  não  importa  se  os resultados  somente  serão sentidos  após alguns anos ou  décadas?

O  Brasil  tem uma  das  maiores  cargas  tributárias  do  mundo  e  um  abismo queda  separa  algumas  aposentadorias  e pensões  públicas  e  privadas  milionárias, das  remuneradas  com  um  salário  mínimo  ou menso!   O  curioso  é  que  todas  essas aposentadorias  escandalosas,  embora imorais, estão  perfeitamente  justificadas  por leis e sentenças judiciais, que incluem:  ex-combatentes da FEB  que nunca saíram  do país;  ex-ativistas  políticos  que nunca  foram fisicamente  tocados  pelas  garras  dos  aparelhos  repressores  estatais;  e  esquemas  fraudulentos  de advogados  e juízes.

Hoje  novas  leis  estão sendo preparadas, mas  ainda  não     há  sinais  de  que  venham  para  mudar  positivamente   a  face  do  país, já  que  a classe  política  continua  inspirando  a sensação  de que  a  biomassa  e  os agentes  biodigestores  pouco  mudaram.

Respaldadas por essa  falta  de credibilidade, a tributação  escorchante  inibe  os investimentos  empresariais  e favorece  a  corrupção,  da  mesma  forma  que  empurra  um  significativo  contingente  de  trabalhadores  para  a economia  informal, esta,   também, objeto  das investidas  da ilegalidade consentida.

O  cidadão  comum:  empresário  ou  trabalhador;  tem  sua  parcela  de  culpa,  pela  convivência  mas sitiada  de  um  lado pela fúria  arrecadadora  dos  governos  e  de outro  pela peçonha  da  fiscalização  corrupta, não há como  negar  sua condição  de vítima.

A  diversidade  de  impostos,  a  complexidade de cálculo e sua  relatividade  criam  um  clima  de dificuldades,  raramente  a fiscalização  atua  de  forma  preventiva  ou  educativa, preferindo que  a doença  crônica  se instale  para depois  viver as suas custas.  Ou  é  a multa  ou o  jeitinho.

Alguns  justificam  a  arrecadação  de  propinas  com  propósitos  humanitário  complementar  os  baixos  salários  dos  fiscais;  mas  porquê  ela  existe  mesmo  nos  seguimentos  melhor remunerado?

Talvez  o  problema  seja  apenas  de caráter,   pois  são raros  os  casos  em  que  a  melhoria  de sala´rios  e inclusão  de adicionais  de produtividade  tenham  eliminado a  corrupção.  Via  de regra  ela  só  muda,  progressivamente,  de paladar.

Já ficou comprovado  que  um bom  remédio  para  melhorar  a  arrecadação  é  combater  a sonegação  e  a  corrupção. Penalizar  o  contribuinte  que  luta  para  se manter no  mercado  formal,  não  deve  fazer  parte  dessa terapia, pois  pode provocar  a morte  do  paciente.  Com  isso  a  galinha  dos ovos de ouro  estará   perdida  e o0 ciclo encerrado.

O  governo  petista  precisa investir muito, porque  há muito  que fazer.  Grande  parte  desse  investimento  corresponde  a  obras  de elevado  custo inicial, como:   saneamento e educação.
Mas  eles  têm retorno  rápido  para  o  país, pois corretamente  aplicados  terão  impacto  positivo  na  redução  das despesas  com  o  sistema  de saúde  e no recuo  dos índices de mortalidade  e criminalidade.

E  a geração de empregos?

A redução  da carga  tributária  pode favorecer  investimentos  em  produção  e  prestação  de serviços.  Também  deve ser  acompanhada  de dispositivos  que  coíbam  a corrupção.

Aliada  a  uma substancial  redução  das  taxas  de financiamento  bancário,  teremos  um  clima  propício  à  expansão  econômica, tendo  como  inevitável  e bem  vinda  consequência   o aumento  da produção  e de postos  de  trabalhos formais, melhorando  o  desempenho  da arrecadação  tributária  e previdenciária..

Torna-se cansativo  repetir  que  a crise  brasileira  é  moral,  mas   acreditar  que  teremos  que conviver  eternamente  com ela  é aceitar  que crises se sucedam, beneficiando  uma casta de  parasitas  investidos  de legalidade,  enquanto  quem  pode  pode promover a  riqueza  é  roído  até os ossos.

O  governo  deve  aprender  a conter  a sua voracidade,  administrar  com  visão  e  decoro; os parlamentares  devem  fazer  um  esforço  pela simplificação  e objetividade  das leis;  eliminando  os  meandros  que favorecem  a ilegalidade;  o  Poder  Judiciário  deve  ser mais consciente, não  de sua ascendência   social, mas  de  sua responsabilidade  e inserção no  contexto  em  que  julga;  e todos  devem agir   firmemente  contra  a corrupção  e sonegação.

As reformas  devem  ser menos evasivas  e lesivas,  evitando sacrificar,  ainda  mais, o já sofrido povo brasileiro.  Não  devem  ser  mais  um  aglomerado  de medidas  empíricas  propostas  pelas certezas absolutas  e arrogância  dos notáveis  da vez  que  só serviram para  criar  privilégios  e  subterfúgios.  Pena  que muitos  dos  que  assim quebraram e venderam  o  país  ainda  estão  por aí,  não pagando  sua dívida  com  a nação  e,  ainda,  posando  como  vestais  sugerindo,  com  a empáfia, os caminhos  que  não seguiram     e  as soluções  que não adotar.

As reformas  devem,  na medida  do  possível, simplificar,  mas simplificar  é  tão complicado...
Adilson.L Gonçalves.

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