Ás vésperas das eleições municipais estou ficando apreensivo e muito pensativo.
Pesquisas atuais comprovam que as emoções não podem mais consideradas como meras expressôes de estados subjetivos mas ao contrário, como atividades organizadas e com efeito regulador sobre a percepção da realidade.
Entender o significado de um debate entre candidatos na televisão pressupõe que o espectador é capaz de compreender a emoção expressa através de modificações na intonação da voz e no rosto do candidato.
As impressões teóricas sobre inteligência emocional sugerem que a construção das emoções extrapola o nível biológico e é parte integrante das condições culturais que determinam a sociabilidade humana.
O dever de votar no candidato certo, o sentimento de fazer as coisas de forma correta - é apenas mais uma de nossas intuições culturais, assim como a indignação que sentimos quando vemos políticos e magistrados agindo de forma incorreta.
Ao refletir sobre a liberdade humana observo que o exercício do objetivo da liberdade ocorre quando se distingue entre o que podemos fazer e o que devemos fazer.
Quando nos sentimos como politicamente insignificantes, não somos capazes de distinguir entre dever e poder. Se assim é, podemos ponderar: eu posso anular o meu voto, mas devo fazê-lo?
É na resposta a esse dever que entra a liberdade politica.
Algumas de nossas posições politicas podem ser mais consistentes com outros valores e escolhas específicos. Isso não impede que continuemos a considerá-las particulares e que outras pessoas possam ter valores diferentes dos nossos.
Podemos sustentar determinada escolha mesmo quando somos capazes de perceber que outras pessoas estarão bem servidas por sustentarem escolhas diferentes, com os quais não concordamos (um candidato comunista a favor da transferência de renda para as comunidades mais carentes, ou um capitalista, que pretende ampliar vantagens para o seu grupo social).
Essa postura politica é consistente com a visão pós-moderna de aceitação de múltiplos impulsos sociais, igualmente válidos para pessoas diferentes.
Ela é todavia, diferente do relativismo político que aceita qualquer intuição social particular, igualando a escolha de candidatos a postos eletivos à escolha de sabores de chocolate.
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