sexta-feira, 27 de abril de 2012

LILINHO - A saga de um apaixonado pela Sétima Arte

Lilinho nasceu em Juiz de Fora, no dia 07 de maio de 1944. Filho de família humilde começou a trabalhar muito jovem, já no ramo cinematográfico. Com apenas 14 anos ele já era faturista da distribuidora de filmes Continental em Juiz de Fora, que fornecia filmes para a região da Zona da Mata mineira. Com 18 anos, Lilinho foi promovido a programador, passando a exercer um cargo de maior responsabilidade na distribuidora.
Após dois anos afastado do ramo cinematográfico, quando então serviu o Exército, Lilinho voltou a trabalhar para a Continental, desta vez como sócio-gerente. Foi nesta época que ele começou a adquirir pequenos cinemas nos bairros periféricos de Juiz de Fora. Vendia um cinema e comprava outro, e aos poucos foi comprando cinemas nas cidades da região da Zona da Mata: Astolfo Dutra, Rio Novo, Piraúba, Mercês de Água Limpa, Ritápolis, Prados.
Lilinho conta que veio para São João del-Rei, no ano de 1978. Nesta época ele trabalhava para uma distribuidora em Belo Horizonte chamada MG Cordeiro. Neste ano, Breno Lombardi, filho do então proprietário do Cine Glória João Lombardi Filho, ofereceu a Lilinho o arrendamento de seu cinema, que na época estava enfrentando uma séria crise. Aos poucos, Lilinho conseguiu reerguer o Cine Glória, e em 31 de dezembro de 1979, ele adquiriu definitivamente a propriedade da sala de Cinema.
Com a administração de Lilinho o Cine Glória evoluiu e teve muitos sucessos de bilheteria. Filmes de fama internacional como “Titanic”, “O Rei Leão”, “A Paixão de Cristo”, entre outros, fizeram muito sucesso em São João del Rei, porém pertence a um filme nacional a marca de maior bilheteria da história do Cine Glória. “O maior público que já entrou no meu cinema, foi num filme dos Trapalhões que se chamou “O Trapalhão no planalto dos macacos”. Você não vai nem acreditar, eu botei pra dentro 3.900 pessoas num domingo. Fiz cinco sessões neste dia. Na época cabiam 800 pessoas por sessão. Nas sessões que lotavam, tinha gente que não se importava de sentar no chão, só pra não ficar sem ver o filme. ”
Nesta época, o cinema nacional encontrava-se em sua melhor fase, recebendo apoio do governo, através da EMBRAFILME (Empresa Brasileira de Filmes S.A), que além de investir na produção dos filmes, forçava as salas, através do CONCINE (Conselho Nacional de Cinema) que era seu órgão fiscalizador, a exibirem títulos nacionais durante um terço do ano. Justamente esta obrigatoriedade da lei levou muitos cinemas a fecharem na década de 1980, pois o cinema nacional possuía altos e baixos nesta época. Filmes como as comédias de Mazzaropi e do grupo Os Trapalhões levavam milhares de brasileiros às salas de cinema, porém, as pornochanchadas afastavam muito o público (principalmente em cidades pequenas como São João del-Rei).
No final da década de 1980, o Cine Glória acabou tornando-se a única sala de cinema em toda a região. Ele conseguiu sobreviver com a ajuda de uma vídeo-locadora que Lilinho abriu na cidade com o nome de “Cine Glória Vídeo”, mas, foi principalmente com o esforço de Lilinho, que sempre amou o cinema e a cidade de São João del-Rei, que o Cine Glória manteve e mantém suas atividades até os dias atuais.
Os cinemas das cidades vizinhas, como Barbacena, Congonhas, Conselheiro Lafaiete, Lavras, Varginha, Pouso Alegre, Santos Dummont, entre outras cidades, foram sumindo aos poucos, perdendo a batalha para a falta de incentivo do governo e o advento da televisão e do vídeo cassete.

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