quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

UM TIRO NO OLHO DO NEPOTISMO


A história  política  do  País é pródigo  no  quesito  oportunidades perdidas . Por  leniência,  inércia ou,  pura e simplesmente, desinteresse de  nossas classes  dirigentes  e legislativas, desperdiçaram-se  momentos  históricos em que  rara   confluência     de vontade  e oportunidade  viabilizariam mudanças profundas na cultura política  da  nação.  Vivemos  hoje  uma  dessas oportunidades que  não  devem  passar  à história  com  a  marca  de mais uma  oportunidade  perdida.  Vemos  no  Congresso  Nacional, enfim,  fazendo eco  à  insatisfação  da  sociedade  da  sociedade civil,  movimentar-se  rumo ao  combate  ao  nepotismo, instrumento  inabalável   do  privilégio  e favorecimento  privados,  predador  da coisa pública.  É  louvável  que  se busque institucionalizar  a  proibição  do  nepotismo  no  País.  Hábito arraigado  em  nossa  cultura  política,  reflete o vício da confusão  entre  o público e o privado  e remonta  os primeiros momentos  desta  ILHA  de SANTA  CRUZ,  pois que,  na  carta  em  que  anunciava  o  descobrimento, Cabral     já  pedia  a  Coroa Portuguesa  favores  a seu  genro JORGE  DE OSÓRIO.
Voltando  ao  nosso  Brasil  de hoje, tememos  que  os  defensores  do nepotismo, uma  vez  surpreendidos  na  distribuição  do  emprego  público  e familiares,  argumentam  como  a lógica  redentora  para  a pratica, que  o cargo  ou  função  exige   alguém   de sua  mais  estrita  confiança.
Omite  o  desavisado  que  a relação  de  confiança  que  obriga a ele próprio , deve existir  entre  servidor  e máquina  pública,  ainda  que  se reconheçam os  riscos  de  que  os  desvios  de  conduta  do ocupante  de cargo  de confiança sejam  associados àqueles  a  quem  está  vinculado.  Para  isso, existem  CONCURSOS PÚBLICOS  para  aferir  p  mérito  e pactuar  a  relação de confiança  entre  servidor e estado,  em  quaisquer  de seus níveis administrativos a  quem,    em primeira e última instância, aquele serve.     
o fato  é  que  a  contratação  de profissionais para  a ocupação  de cargos de confiança  no  serviço  público  deve ser disciplinada.  Por ser transitória, uma vez que  está  vinculada  ao  mandato do chefe,  a  provisão desses  cargos não  passa pelo  crivo  do concurso. Nos últimos  5 anos, alguns  projetos foram  aprovados  pelas  comissões  técnicas  do  Senado, mas dormitam nas gavetas  por força  de pressões dos  grupos, que no exercício de suas atividades  estatais,  fazem  ouvidos  de mercador        à  exigência  moral do não-favorecimento  de  parentes.
Então,  no  escancarado  arroubo  de premiar  os seus,  como  se defendessem  um direito  adquirido  da  classe  política,  nepotistas  de carteirinha provocaram  a  reação  da  sociedade.  E  uma  consciência moralizadora  ensaia  varrer    prefeitura, assembleias e tribunais em que dirigentes,  parlamentares e magistrados  privilegiam  laços  de parentesco em detrimento  da  meritocracia.
Pressionemos  para  que  tal  reação  não  sucumba ao  tempo  e o País  se beneficie com  o  desfavorecimento  do  nepotismo,  de modo  que,  num momento  de catar-se  social,  um  grande passo  tenha  sido dado  na direção de um País mais justo e igualitário. 

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