A história política do País é pródigo no quesito oportunidades perdidas . Por leniência, inércia ou, pura e simplesmente, desinteresse de nossas classes dirigentes e legislativas, desperdiçaram-se momentos históricos em que rara confluência de vontade e oportunidade viabilizariam mudanças profundas na cultura política da nação. Vivemos hoje uma dessas oportunidades que não devem passar à história com a marca de mais uma oportunidade perdida. Vemos no Congresso Nacional, enfim, fazendo eco à insatisfação da sociedade da sociedade civil, movimentar-se rumo ao combate ao nepotismo, instrumento inabalável do privilégio e favorecimento privados, predador da coisa pública. É louvável que se busque institucionalizar a proibição do nepotismo no País. Hábito arraigado em nossa cultura política, reflete o vício da confusão entre o público e o privado e remonta os primeiros momentos desta ILHA de SANTA CRUZ, pois que, na carta em que anunciava o descobrimento, Cabral já pedia a Coroa Portuguesa favores a seu genro JORGE DE OSÓRIO.
Voltando ao nosso Brasil de hoje, tememos que os defensores do nepotismo, uma vez surpreendidos na distribuição do emprego público e familiares, argumentam como a lógica redentora para a pratica, que o cargo ou função exige alguém de sua mais estrita confiança.
Omite o desavisado que a relação de confiança que obriga a ele próprio , deve existir entre servidor e máquina pública, ainda que se reconheçam os riscos de que os desvios de conduta do ocupante de cargo de confiança sejam associados àqueles a quem está vinculado. Para isso, existem CONCURSOS PÚBLICOS para aferir p mérito e pactuar a relação de confiança entre servidor e estado, em quaisquer de seus níveis administrativos a quem, em primeira e última instância, aquele serve.
o fato é que a contratação de profissionais para a ocupação de cargos de confiança no serviço público deve ser disciplinada. Por ser transitória, uma vez que está vinculada ao mandato do chefe, a provisão desses cargos não passa pelo crivo do concurso. Nos últimos 5 anos, alguns projetos foram aprovados pelas comissões técnicas do Senado, mas dormitam nas gavetas por força de pressões dos grupos, que no exercício de suas atividades estatais, fazem ouvidos de mercador à exigência moral do não-favorecimento de parentes.
Então, no escancarado arroubo de premiar os seus, como se defendessem um direito adquirido da classe política, nepotistas de carteirinha provocaram a reação da sociedade. E uma consciência moralizadora ensaia varrer prefeitura, assembleias e tribunais em que dirigentes, parlamentares e magistrados privilegiam laços de parentesco em detrimento da meritocracia.
Pressionemos para que tal reação não sucumba ao tempo e o País se beneficie com o desfavorecimento do nepotismo, de modo que, num momento de catar-se social, um grande passo tenha sido dado na direção de um País mais justo e igualitário.
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