domingo, 14 de dezembro de 2014

MEU DEUS, QUE DIABO DE MUNDO É ESTE?



Este  mundo  anda  mesmo  de pernas  pro ar, o que já era, já  não é mais, o que  deixou  de ser  e o que  será  ninguém  sabe como  vai ser,  Invertem-se os papeis  da  realidade  urbana.
Diante  dos  sucessivos  assaltos,  as  casas  se  transformaram  em verdadeiras fortalezas,  com cercas elétricas,  sensores, fotoelétricas, trancas,  fechaduras   e cadeados, de tal modo  que  os proprietários  se tornam  prisoneiros  e  os assaltantes,  donos da  cidade esquecida.

Os  burros  já  não  puxam  mais  as carroças  e  as igrejas  se  trancam  aos devotos penitentes.
Homem  é  reconhecido  como  mulher  e  a mulher  assume  ares  e  modos  do homem.  Os  ricos se empobrecem  como  pobres  de espírito  e  os  pobres  se enriquecem  com  os  males  da  burguesia. Secam-se  os  rios, e  inundam-se os  carrascais  da  miséria.
Sobram  universidades e escasseiam  os  cursos primários.  O  atleta  torna-se homem público  e  o  político  vira  ladrão.  A  honra é demérita  e a desonestidade, esperteza.  
MEU  DEUS, QUE  DIABO  DE MUNDO  É  ESTE?

Agora,  no  vale  das  lágrimas das contradições humanas, leio  os  jornais à história  do assaltante  que  depois  de ser  libertado  pela  justiça, pediu  ao Dr. Meritíssimo  Juiz de Direito  para  ser  enviado  de  novo  para  a prisão.  E durmam-se  com  um  barulho  desse!
É certo  que  ele,  o  prisioneiro   solto  deu  lá  suas  razões  para  a estranha preferência:  libertado, não  teve forças  para  se livrar  do  álcool  e  da droga, o que  só  conseguiu  na  prisão.

O  pedido  inusitado  do  liberto-preso  me  fez  recordar  do  conto de Machado de Assis:  
IDEIAS  DE  CANÁRIO:  
Em  uma  velha,  semi-escura  e  triste  loja de  um  Belchior  carioca,  um freguês    compra  um  belo  canário  que cantava  alegre e  incontidamente, numa  vistosa  gaiola.  Fugindo  depois  para  a mata,  o  pássaro  se encontra, certo dia,  com  o  seu  comprador  e  trava  com  este  interessante  diálogo: preso  na gaiola,  ele  era  feliz  e  tinha  tudo com que  sonhava:  água e alpiste.  Agora,  solto,  enfrentava  as  maiores  dificuldades  para  a  sua sobrevivência,  numa  luta  pela vida  desigual  e  árdua.
Este  ensinamento  do  velho  MACHADO:   O  RELATIVISMO  DA CONCEITUAÇÃO DA LIBERDADE.

Este  assunto é  bastante  delicado  porque  só  a  boa  formação  desde  a infância  alicerçada no  diálogo,  na  confiança  mutua,  no  afeto  e  no respeito, com  a transmissão  de noções  básicas  de auto proteção  e noção  do  perigo, pode  fazer  frente  aos desafios  que  o  ser  humano  precisa  enfrentar  ao longo  da vida.    É  no  diálogo  saudável  entre  entre  pais  e filhos que medidas  visam  a  tranquilidade  e não  a  submissão  ao  controle  que  se legitimam.
O   retorno  do assaltante   a  carceragem   é  motivo  de  dúvida  e apreensão. A  liberdade  é  nossa
melhor  forma  de  viver, enjaulado  não  é  viver,  é  morrer  como  se estivesse indo  para  o  inferno,    
De  quem  é a culpa.  Gostaria  de saber.  

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